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Auxílio Planejamento Familiar - Avelino Alexandre Collet

30 de novembro de 2014


        A ideia central e única do Auxílio Planejamento Familiar, visa à erradicação da pobreza extrema. Sua área de abrangência circunscreve-se ao âmbito de duas condições essenciais, ou seja: para os que vivem abaixo da linha da pobreza e para os que já têm filhos.
       Salientamos, e com ênfase, que o Estado e as Instituições de toda e qualquer natureza, não podem interferir nas deliberações dos casais, artigo 226 Constituição Federal.  Os casais são livres para agirem de acordo com suas consciências. E o planejamento de natalidade aqui proposto deve ser sempre voluntário, mesmo nos termos da Lei número 9.263.
       Considerando: que o Estado deve ser proativo, propondo ações concretas, no sentido de instituir mudanças substanciais, a fim de evitar a continuidade de problemas sociais gravíssimos;
       - que, a própria “OMS recomendou a todos os países o uso dos preservativos”, daí a premente necessidade de se cumprir essa relevante e preciosa orientação;
       - que, o nascimento de um ser humano mergulhado na extrema miséria, afeta sua dignidade, direito à vida, à saúde, à educação, ao trabalho, e atinge maleficamente a humanidade. Mede-se o humanismo pela prática da justiça, e qual a justiça frente aos marginalizados?  Muito aquém do desejado;
       - que, o Estado e a sociedade amargam perante a história, em pleno século 21, a pecha da ausência do humanitarismo ético e moral;
       - que, sem a oferta de um mínimo de valores econômicos, os resultados tornar-se-ão decepcionantes;
       - que, a implantação desse programa constituiria a providência mais promissora para a erradicação da massa dos desvalidos:
       - que, com a instituição desse projeto, estabelecer-se-ia efetivamente o sentimento de paternidade e de maternidade responsáveis;
       - que, o nascimento de milhões de seres humanos indesejáveis, empobrecidos, e muitos concebidos precocemente, gera um estado permanente de miséria endêmica. E que, além de gerar gravíssimos problemas sociais e humanos, perpetuar-se-á indefinidamente e sempre revestido de dramaticidade;
       - que, o abandono material e intelectual de uma criança, constitui responsabilidade criminal, artigos 244 e 246, do Código Penal Brasileiro. No entanto, repetidas vezes, os pais nada possuem para amparar seus filhos;
       - que, ações múltiplas e vigorosas, engendradas pelos gestores públicos e comandos políticos, para retirar da miséria consideráveis parcelas de seres humanos, são sumamente louváveis e humanas, mas isso não basta, urge estancar essa desumanização pela raiz;
       - que, a pílula anticoncepcional, nos últimos 50 anos, causou o mais espantoso e revolucionário benefício à humanidade;
      - que, o que fecunda os filhos da mendicância não são as leis da natureza, mas a inesgotável insensibilidade dos homens, insensibilidade profundamente estruturada em dois grandes vetores: os fundamentalismos de todo gênero, somados à ganância ilimitada pelas riquezas;
       - que, a fome aguça no ser humano a sexualidade, e como consequência exacerba a fertilidade. A sexualidade deve ser respeitada, porém, o que se exige é a prática segura, consciente e precavida à geração ou não de mais vidas;
      - que, as gerações de um futuro não muito distante, exclamarão indignadas, ao constatarem, que na alvorada do século 21, ainda se permitia o nascimento de seres humanos destituídos das mínimas condições de uma vida digna e humana;
       - que, o nascimento de um ser humano, sem as mínimas condições de subsistência material, educacional, social, é uma afronta à humanidade e um insulto aos próprios fundamentos do homem;
       - que, uma criança envolta num rosário de penúrias, torna-se invisível sombra humana, sem dignidade, sem pátria, sem identidade, sem futuro, pois, foi-lhe negado o projeto de viver minimamente;
       - que, segmentos poderosos da política, da corrupção e do capitalismo, alheios aos princípios humanitários, ao longo da história, não tomaram quaisquer iniciativas no sentido minimizar os efeitos perversos da miséria. Sem predicados ideológicos, marcaram suas condutas por uma singularidade única: relegar as massas sofredoras;
       - que, a miséria não chega a se tornar um obstáculo e nem uma mácula dentro da sociedade. O convívio social, com raras exceções, flutua completamente blindado contra o lado externo e sofrido da vida. Ocorre que a maioria absoluta não tem consciência, para reconhecer, no rosto das crianças famintas, a expressão brutal da injustiça;
       - que, as forças das antigas esquerdas, e mesmo as atuais, falam ideologicamente em resgatar os excluídos que definham no submundo, sem forças próprias de reação.  Afloram nessa filosofia enunciados permeados de utopias, e às vezes, até de insinceridade. E por que dessa minha asserção? Primeiro, porque a curto e médio prazo, inexistem meios de socorrer e libertar da fome a todos os desamparados. Segundo, e como advertência, cabe explicitar, e com clarividência, que, se a humanidade elevasse os padrões de consumo a um patamar do que é justo, digno e racional, para todos os seres humanos, ocorreria o inevitável esgotamento de matérias-primas e das fontes de energia. Aí, então, precisaríamos de vários planetas Terra;
      - que, se ocorressem no Brasil, e com brevidade, profundas reformas de caráter sócio-econômico que libertassem os miseráveis de seus estados deprimentes, o planejamento familiar aconteceria espontaneamente;
       - que, a fecundidade prolonga-se, aproximadamente, até aos 45 anos, nessa idade extinguir-se-ão os benefícios previstos nesse projeto;
     - que, o planejamento familiar com o intuito de restringir a natalidade dos que vivem abaixo da linha da pobreza, sempre encontrou e encontrará resistências, porém, o que se pretende é evitar nascimentos indesejáveis. Assim, a luta para conferir dignidade ao ser humano sempre vale a pena;
       - que, colocar a vida em primeiro plano, significa resgatar as legiões dos deserdados, cujos gritos permanecem surdos, em uma sociedade consumista, individualista e enferma;
       - que, algumas instituições ou indivíduos resistem a essa ideia. Uns por motivos religiosos; outros por razões que, em vários países, o índice de natalidade decresceu acentuadamente. Ora, e que fique bem claro, não somos contra o nascimento de seres humanos. Somos contra o nascimento de criaturas que nascem, vivem e morrem na miséria. E a ideia atinge aos que possuem vários filhos e que se encontram abaixo da linha de pobreza;
 
       PROPÕE-SE:
       A criação de um poderoso organismo dentro do Ministério da Saúde, via Congresso Nacional, com a finalidade de formatar uma agenda política cidadã, corajosa, democrática e transparente.
       Esse organismo ramificar-se-á em todos os municípios brasileiros. E cada município terá um centro ou mais de um, para desenvolver suas atividades inerentes ao projeto aqui exposto e, atuar ainda, no âmbito da conscientização e apoiamento.  Seus integrantes serão funcionários públicos especializados para esse ofício, recrutados internamente sem novas nomeações.
       Outra opção, também, poderia ser avaliada, articulada e integrada junto ao Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, comandado por sua Excelência a Ministra Tereza Campello. E assim, para não ocorrer superposição de benefícios, para aquele que vive abaixo da linha da pobreza e tem vários filhos, substituir-se-ia a Bolsa Família pela proposta apresentada em algumas cláusulas desse projeto. Com isso manter-se-ia a unificação de todas as políticas sociais.
       Os incumbidos dessa tarefa elevada e sumamente humanitária, munidos de planos e estratégias de atuação, visitam os casais ou aqueles que fazem parte de uma convivência, levando uma orientação segura e esclarecedora. E o casal ou a mulher que aceita participar desse projeto, após receber a primeira visita, uma vez por mês, vai ao centro já mencionado, e lá receberá o valor de R$ 100,00 ou R$ 150,00 e os preservativos necessários.
       Numa pesquisa feita pelo governo brasileiro, 74% dos entrevistados aprovaram a distribuição de preservativos.
       Após ingressar nesse projeto, para o casal ou a mulher que vier a ter mais um filho, interrompe-se imediata e definitivamente o Auxílio Planejamento Familiar.
       Temos plena convicção de que a maioria absoluta dos que se enquadram nesse projeto, sentir-se-ia prestigiada e adotaria, de pronto, essa ideia revolucionária.
       Propõe-se, também, nesse mesmo projeto, outra medida e até mais conveniente, a aplicação da Laqueadura e da Vasectomia. Nesses casos, o Estado, além de realizar os serviços gratuitamente, compensará a parte interessada, com uma quantia de R$ 1.000,00. Tudo isso a ser definido no projeto final.
       O dia mais esplêndido de minha vida, seria aquele em que me dessem a notícia, de que nunca mais nascerá uma criança num estado de extrema pobreza.  “Vida em abundância” é uma dádiva, vida acumulada de miséria é uma tragédia.  O nascimento de um ser paupérrimo compromete a civilização e a mim entristece e abate, porque faço parte da humanidade.
 
       Porto Alegre, 15 de março de 2011
       Avelino Alexandre Collet – Promotor de Justiça Aposentado
       Membro efetivo da Academia Rio-Grandense de Letras

Academia Rio-grandense de Letras

PATRONOS

CADEIRA 25

Alberto da Costa Correa Leite

(por Walter Galvani)

Não era saudável ser poeta romântico no século XIX, mas de certo modo era assim que se afrontava o “establishment” e se atingia a sociedade através da sensibilização e da comoção: morria-se moço, como Castro Alves, mas sabia-se muito e se alcançava rapidamente uma grande cultura e se conquistavam as ferramentas para brilhar.

Alberto da Costa Correa Leite não fugiu à essa regra de ouro. Nasceu numa família dedicada à literatura e ao jornalismo, como poderia ser o título desta breve...

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