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Perigos do trânsito - Heino Willy Kude

26 de novembro de 2014


A - Velocidade excessiva
Como quase sempre, no trânsito o justo paga pelo pecador e me impressiona quão poucos são os pecadores, quantos, os justos e o quanto estes pagam.  E quando vidas humanas estão a perigo, medidas que podem parecer radicais se justificam. Mas aqui me limito a propor uma simples medida tecnicamente viável. Pois é impressionante o que se vê nos noticiários da TV em matéria de acidentes absurdos. Além de alcoólatras, mentecaptos, imaturos e dos que adormecem ao guiar por falta de um sono reparador, a culpa aqui também cabe a certas características dos veículos. Para sanar isso, poderiam e talvez deveriam os fabricantes de veículos instalar os dispositivos que proponho e cito aqui a seguir, que considero mais importantes que alguns dos que encontramos em certos automóveis.
Sinto-me honrado de ser integrante da Academia Rio-Grandense de Letras. Diz-se dos acadêmicos que sejam eles um tanto teóricos e faço questão de propor a medida prática a seguir: É pacífico que o veículo automotor deve ser dotado de um motor suficientemente potente para, acima de tudo, poder vencer rampas. Mas esta potência também é geradora da alta velocidade e poder-se-ia perguntar: O que fazer? Não seriam as tais conseqüências naturais que sempre surgem e que temos de aceitar? Isso está certo, mas já existem os micro-computadores que podem ser instalados como limitadores da velocidade. Diriam alguns que isso não seria factível, pois existem situações em que há necessidade de acelerar mais que o desejável. Quero lembrar que são praticamente ilimitadas as exigências técnicas atendidas por computadores e das quais nem sempre nos lembramos. Vou estabelecer aleatoriamente uma velocidade máxima permissível que poderia ser analisado por quem de direito. Digamos, para início de conversa, 75 km/hora. Com esta velocidade podemos ir em pouco mais de duas horas de Porto Alegre a Caxias do Sul, mais ou menos 150 quilômetros. A verdade é que muita gente corre para chegar ao destino e depois ali nem saber o que fazer com os minutos que lucrou nessa viagem ultra-perigosa.
Mas não existe a necessidade de ultrapassagens? É lógico que ninguém pode sujeitar-se a caminhar nas costas de um caminhão que ande a trinta quilômetros por hora. Pois proponho que acoplado ao computador limitador se instale um velocígrafo que passa a funcionar na hora em que, acionando um comando especial seja necessário se passar do limite instalado. Teria de ser uma aparelhagem de fácil acesso a consultas dos guardas encarregados da segurança do trânsito ao investigar as causas de um acidente. Tenho certeza de se tratar de um dispositivo que não requer grandes conhecimentos e criatividade para ser fabricado e instalado.
Outrossim, para evitar acidentes provocados por motoristas que adormecem, convém nos lembrar de um dispositivo que existe em locomotivas, chamado homem morto, que no mínimo, deveria existir nos caminhões. Esse requer só apertar um botão, depois de emitir um sinal luminoso e auditivo alertando o motorista de tempos em tempos. Quando não utilizado, faz o veículo parar, naturalmente com acionamento da sinalização luminosa apropriada. É um inconveniente, mas muito menor que um acidente.
Poderiam esses dispositivos ser desativados pelos espertinhos? Sim, mas aí as autoridades podem estabelecer multas adequadas que inibem tais hackers e malandros a assim agirem. 
 
B - Curvas em Estradas de Rodagem
Existem as tais estradas da morte para as quais podemos apontar remédios extremamente simples que possam sanar uma falha gritante comum: As curvas que não ostentam um mínimo de visibilidade. Não podemos aceitar acidentes de morte repetitivos.
Não podemos nos iludir, mesmo que o Brasil já pode ser apontado como sendo um dois países de melhor situação econômico-financeira no mundo inteiro, nunca que podemos ter uma rede de auto-estradas em grande quantidade. Isso devemos esquecer. Por longos anos ainda teremos estradas de uma pista para a ida e outra para a volta com uma largura – creio eu – padrão de oito metros. E se formos obrigados a construí-las com o material asfalto, nem sei, se conseguimos manter o que temos.
Bem, uma vez aceita a realidade assim como ela se apresenta, vamos achar o remédio homeopático para os defeitos estruturais de nossas estradas. O que se pode fazer no caso de uma curva – possivelmente ainda situada numa rampa para agravar o problemas – que não apresenta as mínimas condições de visibilidade? Normalmente existe ali uma boa sinalização, mas sempre aparecem motoristas inconsciente que justamente nesses lugares precisam arriscar uma manobra de ultrapassagem. Toda a solução deve apresentar uma característica fundamental: Ser segura contra atitudes imaturas. Segurança contra a cretinice nunca vamos conseguir.
Pergunto: é tão difícil e caro de alargar uma estrada de duas pistas (oito metros de largura) para doze metros (três pistas) só dentro do âmbito das curvas mais perigosas para permitir ao menos, a ultrapassagem em um sentido?   

Academia Rio-grandense de Letras

PATRONOS

CADEIRA 37

Felipe de Oliveira

Felipe Daudt d'Oliveira nasceu em Santa Maria, Rio Grande do Sul, em 23 de agosto de 1890, filho de Felipe Alves d'Oliveira e Adelaida Daudt d'Oliveira. Cursou o ensino primário em Santa Maria e o secundário na Escola Brasileira em Porto Alegre. Frequentou a Faculdade de Medicina de Porto Alegre, onde concluiu o curso de Química.

Foi redator de O Combatente de Santa Maria em 1908, de O País do Rio de Janeiro, a partir de 1922, e, depois, da Gazeta de Notíciase da Revista Fon-Fon. Desenvolveu no Rio de Janeiro a atividade...

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