CADEIRA 21

ACADÊMICOSQUADRO ACADÊMICO

Alfredo Ferreira Rodrigues

(por Avelino Alexandre Collet)

O acadêmico Alfredo Ferreira Rodrigues, nasceu no dia 12 de setembro de 1865, no distrito de Povo Novo, município de Rio Grande, faleceu em Pelotas no dia 8 de março de 1942, com 77 anos.

Exerceu ao longo da vida várias atividades, como professor, comerciante, industrialista e viajante comercial.

Em plena juventude revelou seu apurado gosto pela literatura. Foi revisor da Livraria Americana, em Pelotas, em 1887. E pela sua proficiência foi guindado à gerência desse estabelecimento gráfico na cidade de Rio Grande, período de tempo que se estendeu até 1910.

Mais tarde, em Pelotas, foi redator do jornal A PENA; do jornal A PÁTRIA e redator de O NACIONAL.

O acadêmico Alfredo Ferreira Rodrigues foi pesquisador, ensaísta, historiador, cronista, poeta, jornalista, biógrafo, tradutor, folclorista e poeta.

No ano de 1901, foi co-fundador da Academia Rio-Grandense de Letras, e desde o início ocupou a Cadeira de n° 21, que a honrou e a engrandeceu sobremaneira.

Pelo seu generoso e profundo espírito associativo integrou a vá-rias entidades de caráter cultural. Foi membro do Clube Literário Apolinário Porto Alegre, de Pelotas; do Centro Riograndense de Estudos Históricos, de Rio Grande; do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; do Instituto Arqueológico e Geográfico Pernambucano; dos Institutos Históricos e Geográficos da Bahia, Ceará e São Paulo; da Sociedade Geográfica de Lisboa e sócio fundador do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul.

Esses dados evidenciam superlativamente a personalidade, o engajamento, o verdadeiro apego à cultura, às artes, ao pensamento.

Todos os que se dedicam à historiografia sul-rio-grandense encontram dados preciosos nas obras do Dr. Alfredo Ferreira Rodrigues. Pesquisou com paciência beneditina, arquivos, jornais, manuscritos, documentos epistolares, livros, tornando público o resultado da garimpagem e interpretação desse manancial analisado. E tudo ele publicou, até 1917, no seu Almanaque Literário e Estatístico do Rio Grande do Sul, tornando-se uma coleção valiosa e imperecível.

Além dessas valiosas pesquisas, demonstrou sua estirpe de escritor e sentimentos de poeta. Seus escritos contém concisão, clareza e elegância.

Com persistência inquebrantável, jamais desanimava na busca da elucidação dos fatos e acontecimentos ainda não revelados. Permanecia afinado às clarinadas que evocavam as pulsações telúricas de um Rio Grande em efervescência. Possuía ele a fibra dos homens que se projetam para a imortalidade.

O historiador alemão, Leopoldo Vov Ranke (1795-1886), ensinou que a objetivo dos que escrevem a História, os fatos e os acontecimentos, é descobrir e apontar como as coisas realmente acontecem. E é isso que realizou com maestria, o pensador Alfredo Ferreira Rodrigues. Ressaltou e elucidou, com raro brilho o decênio heróico do Rio Grande do Sul - 1835-1845. Mas não só isso, pois, tudo o que ele criou, até o fim de sua profícua existência, tem a marca de sua lúcida inteligência.

Escreveu mais de cem artigos e ensaios sobre a saga dos pampas c dos homens insignes que atuaram com amor e bravura pelas nobres causas da sulinidade.

Não são poucos os intelectuais que, ao longo do tempo, enalteceram nosso conspícuo homenageado, como os escritores Aurélio Porto, Guilhermino César e tantos outros conceituados homens de letras.

Por devotar permanente amor e acatamento à sua terra natal, Rio Grande, foi o maior incentivador da iniciativa para edificar um monumento que levasse à posteridade o galhardo vulto farrapo, general Bento Gonçalves da Silva. E lá está a escultura como perene lembrança às gerações que se sucedem no cadinho da vida e da História.

Com verdadeiro devotamento à causa da cultura, elaborou inúmeras biografias de célebres vultos do nosso passado, quer na política, quer na história, quer na intelectualidade, contribuindo, assim, decisivamente no resgate dos fatos, dos homens e dos acontecimentos e, como tal, deixou um legado convincente e duradouro.

Incursionou na seara poética e, como simbolista que era, os belos poemas refletem seus anseios, suas preocupações, seus sentimentos de expressar a beleza poética. Dentre suas obras poéticas destacamos: POEMA DO LAR; 20 ANOS; CORAÇÃO DE PAI.

Escreveu, igualmente, Homens e Fatos do Passado; Lira Abandonada e inúmeras crônicas.

Conhecia como ninguém a língua inglesa, traduziu, inclusive, o célebre poema CORVO, de Edgar Allan Poe.

 Fato da mais profunda significação e que comove a todos os admiradores do nosso homem de letras, é que, no ano de 1922, vendeu seu inestimável arquivo ao governo do Estado do Rio Grande do Sul, para poder custear as despesas com os estudos e formatura de um dos seus diletos filhos.

Esse acervo cultural, encontra-se no Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, que permanecerá como testemunho vivo ao longo do tempo e para o deleite de todos quantos amam sua terra, sua gente, sua história.

Com sua bagagem cultural, o Dr. Alfredo Ferreira Rodrigues, projetou o Rio Grande do Sul no cenário nacional. E, como tal, é admirado nos meios intelectuais do Brasil.

Com luta e dedicação construiu um patrimônio de valor inestimável. Seus estudos, pesquisas e escritos frutificaram generosamente. Razão porque foi reconhecido e admirado pelos seus conterrâneos, pelas gerações do presente e, assim o será, pelos que nos sucederão na caminhada porvindoura da História.

Graças à sua clarividência, descortino e uma dedicação permanente ao longo de sua proveitosa existência, o Rio Grande do Sul conta com uma importante fonte documental, que mantém e auxilia o restabelecimento da memória de quase tudo o que aconteceu ao longo da História gaúcha.

 As obras do emérito acadêmico Alfredo Ferreira Rodrigues serão sempre relembradas e cultuadas. Em Rio Grande foi erguido um busto, inaugurado a 12 de setembro de 1965, em homenagem ao transcurso do seu centenário de nascimento. Fica, assim, perpetuado seu nome, com autêntico reconhecimento das gerações que, com gratidão, souberam reverenciar, e ainda reverenciam, um eminente filho, consagrado patrício, desse Estado Meridional do Brasil.

Afirmo com serenidade e plena convicção, que o escritor Alfredo Ferreira Rodrigues, gaúcho de todas as tradições, com sua generosa contribuição à cultura, às letras, tem seu nome gravado perenemente no panteão da História do Rio Grande do Sul.

E eu, Avelino Alexandre Collet, fui eleito e empossado pela Academia Rio-Grandense de Letras, para ocupar a Cadeira 21, cujo patrono foi e sempre será o culto escritor, Dr. Alfredo Ferreira Rodrigues, o que constitui para mim um verdadeiro orgulho.

Porto Alegre, 15 de junho de 2007.

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Academia Rio-grandense de Letras

PATRONOS

CADEIRA 32

Pedro Velho

Pedro de Castro Velho nasceu em Cachoeira do Sul, Rio Grande do Sul, em 29 de junho de 1879, sendo filho de Francisco Velho e Dulce de Castro Velho. Poeta boêmio nunca teve ocupação certa. Foi um dos mais populares da geração literária de seu tempo em Porto Alegre. Faleceu em Porto Alegre, capital gaúcha, no dia 06 de setembro de 1919.

Bibliografia: Ocasos, versos, Porto Alegre, Livraria Americana, 1906. 2a. Edição com acréscimos, póstuma, Porto Alegre, Globo, 1920. Inéditos e esparsos de Pedro Velho publicados por Walter Spalding...

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